segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CAPTURAR O TEMPO



Chega o fim do ano e é a mesma coisa! Sempre igual: Festas, homenagens, jantares, palavras de agradecimento, votos de sucesso e felicidades.

Sempre a mesma ladainha! Não aguento mais.

Vocês já pensaram que este negócio de calendário é apenas uma convenção? É uma invenção dos gregos, romanos, otomanos, bizantinos, e outros cretinos. Criação de poderosos, tentando enquadrar o povo, na tala do mango, no relho, no taco da bota.

Sistematizaram a nossa vida. Ainda aproveitaram para homenagear reis e imperadores famosos batizando os meses com seus nomes, e assim, ficarem para história. Até deslocaram, dias prá cá, dias prá lá, você tem 31, você fica com 30. Pobre do fevereiro, tão inexpressivo, tem apenas 28 dias e de vez em quando 29.

Inventaram também o relógio para tabelar as horas, como se fosse possível capturar e controlar o tempo. Ora bolas, diria o nosso poetinha.

Atualmente esse negócio de anos, meses e dias, organizados em calendários, servem muito mais para criar datas de gastança, bom para o comércio encher a guaiaca. Quase todos os meses há feriados, dias santos. Tudo arapucas que ardilosamente aumenta o saldo negativo do nosso cartão de crédito. A conta vem mais tarde.

Depois de certa idade, esse negócio de Natal, Ano-Novo, deixa de ter importância, afinal, descobrimos que Papai Noel e Coelhinho da Páscoa não existem. Invenções da mídia globalizada para aumentar a gastança. Presentes! Ora presentes!

Imaginei uma agenda tipo arquivo, como um fichário, onde se incluem novas fichas todo mês, continuamente, descartando as folhas usadas. Sempre a mesma capa. Contínua, como o tempo. Sem estas paradas, estes saltos, que na verdade não existem, o tempo vai fluindo sem parar. Gira como uma roda.

Me desculpem, mas o Natal de hoje é para faturar. A virada do ano não existe. O tempo é contínuo. É uma convenção com hora marcada para abrir espumantes. Comer e beber a lá farta!

Horários então. Prá que horários? Nem em nosso joguinho do grupo de amigos, nas segundas e quintas, temos horário. Pode se às quatro e meia, cinco horas... Cinco e vinte... Isso de horário é uma imposição dos poderosos de olho no faturamento.

E assim roubam nosso tempo. Ah o tempo! Sempre o tempo!

Mas pensando bem... O que mesmo eu estava dizendo?

(Estou com vontade de amassar este pedaço de papel e jogar no lixo).

Um momento! Esqueçam tudo que eu disse.

Eu queria mesmo agradecer e dizer que não precisamos de hora marcada para dizer aos amigos:

- FELIZ NATAL!

- FELIZ ANO NOVO, PARA TODOS NÓS!
.
Porto Alegre, 09 de dezembro de 2017.
Jorge Luiz Bledow
Email: bledow @cpovo.net

6 comentários:

  1. Nos meus tempos de CFS eu já dizia isso! É a mais pura verdade. O colega Nelson Ferreira PACHECO me apelidou de Estuprador da Lógica, por causa de minhas idéias. Talvez eu seja, mesmo, mas o que se chama de lógica não passa de convenções.

    ResponderExcluir
  2. Na verdade, um dos pilares da sociedade é a hipocrisia. Convenção ou conveniência, se mistura, frequentemente, com hipocrisia. E regras e dogmas vão direto para a lata do lixo. Sem traumas ou dores na consciência.

    ResponderExcluir
  3. Este agrimensor gostaria de medir o tempo em metros! Abração, Jorge!

    ResponderExcluir
  4. Feliz aniversário Natal guri

    ResponderExcluir





  5. Moto Contínuo

    Todo tempo eu penso em mim também,
    Mas quando o sono vem, já não penso em ninguém!
    Todo sono é como uma aventura:
    A noite nunca dura até me fazer bem...

    Toda noite, a gente se procura
    Numa estrada escura, e só encontra um “não”...
    Toda estrada é longa, estreita e torta,
    E nunca chega à porta de uma solução...

    Toda porta se encontra fechada,
    E, pela madrugada, não se pode entrar...
    Madrugada é sempre uma agonia,
    Pois é um novo dia que já vai “pintar”...

    Novo dia traz nova esperança,
    Mas quem está na dança, já sabe que rodou...
    Toda dança, a gente se diverte,
    Mas, se o dedo mete, a cara já quebrou...

    Todo dedo tem que estar fechado,
    O peito, estar parado e nem sequem bater...
    Todo peito tem que estar calado,
    O tempo regulado, para só esperar...

    Todo tempo eu penso em mim também,
    Mas quando o sono vem, já não penso em ninguém!

    (APMoura - Valsa-Galope, Porto Velho, 16 de abril de 1977)

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...