domingo, 21 de abril de 2013

Censo Crítico

Jorge Luiz Bledow

Um grande problema do Brasil, quem sabe o maior, é a falta de educação formal. Ensino fundamental, primário e secundário, de qualidade e universal. Todo mundo sabe disso.
 
            Para quem vem da roça, como eu, é difícil imaginar crianças fora da escola na cidade. No interior, na roça, tem lá suas explicações, que não convencem, moram longe, faltam meios de transportes, estradas ruins. Nos aglomerados urbanos, alguém na idade escolar estar fora dela da sala de aula, não suporta explicação alguma. Para mim, a culpa é dos pais.
 
            No entanto, não basta somente o acesso à escola. Precisamos de qualidade. Precisamos de censo crítico. Não se vai à escola, só para aprender ler, escrever, somar, subtrair, etc. Vai-se também, para se capacitar a ter opiniões diferentes. Questionar, comparar, concordar, discordar! Isso cria num censo crítico. Cria capacidade de desconfiar quando a coisa é muito fácil. Desvendar a verdade, flagrar o golpe antes de acontecer, quando alguém “esperto” tenta aplicá-lo no incauto.
 
            Sobre capacidade de ter censo crítico há discursos vários. E desconfie, principalmente, quando alguém prega cidadania misturando ideologia. São coisas diferentes e servem para confundir, vender o discurso fácil, passar adiante o populismo barato da pior qualidade.
 
            É aí, e principalmente aí, que reside a nossa fraqueza. Essa capacidade de formar opiniões a contra ou a favor, de desacreditar ou acreditar no discurso de quem quer que seja, vem principalmente da vivência fora das escolas. Vem do convívio familiar. Do convívio social. Das relações entre parentes, amigos e até estranhos. Do que assistimos na televisão. Do que lemos. Do que ouvimos.
O que esperar de quem só assiste novelas, às vezes todas, diariamente? Como esperar profundidade de quem não perde um BBB por nada?
 
            Já tive uma fase em que eu achava que programas de conteúdo duvidoso, se não faziam bem, também não faziam mal a ninguém. Mas eu reformulei esta minha forma de pensar.
 
            Os jovens, principalmente esses, devem filtrar melhor o que assistem e acessam e, absorver informações de melhor nível, para então, assim, formar um censo crítico questionador, o que é da própria essência juvenil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...