terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SAGU MAIS-QUE-PERFEITO


Jorge Luiz Bledow

        A perfeição existe? Claro que existe. É bem difícil atingi-la, mas que ela existe, existe!

        O que muito se ouve a toda hora é essa patrulha do politicamente correto. Isso é chato, chato prá daná!

        Ninguém fala o que pensa, ou melhor, ninguém pode falar o que pensa. Expressar uma opinião assim ao natural, de cara limpa, sem produção, sem assessoria de imprensa, tornou-se pecado.

Eu pergunto: - alguém está aí para pecados? Esses pecadinhos veniais, digo.

Ser educado, comportar-se socialmente de forma adequada, não falar “nome feio”, como dizia minha avó. Respeitar os mais velhos, os mais novos e os da mesma idade, acrescento eu, é muito bom e deve ser incentivado. E mais até, deve ser ensinado, e ainda é, em muitas famílias, escolas, locais de trabalho.

        Nas redes sociais as pessoas se abrem, desabafam, escancaram intimidades. Eu, guri vindo do interior, fico até envergonhado de ver tanta exposição pessoal. Corre-se o risco de ficar sabendo da separação do casal de amigos, antes do próprio casal decidir. Acontece mesmo, há uma desavença e um dos dois comenta no facebook. Lança a fofoca e aí é abrir um travesseiro de penas ao vento, em cima da montanha, em dia de vento norte.

Essa coisa de politicamente correto é chata. Por outro lado, confundir espontaneidade com escancaramento da vida doméstica, é passar dos limites. Em tudo que se diz, em tudo que se faz, há de ter-se equilíbrio. Difícil explicar, avaliar. Na dúvida não se diz, não se fala. Ouvir mais ajuda. Definir a faixa de atuação muitas vezes não é fácil. A regra é viver e conviver, sem reservas extremas, sem exposições máximas. Assim vai-se aprendendo e achando o tom certo nos relacionamentos sociais, familiares, profissionais e outros “nais”.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, diz o ditado. Vejam nosso velho e saboroso sagu. Conheço algumas cozinheiras, ou doceiras, que fazem o sagu perfeito. Todas as pérolas cozidas no ponto certo, separadas sem colar umas nas outras, o vinho, o açúcar na porção certa, a canela em ramo, os cravos para dar aquele gostinho, ou seja, tudo na medida.

A especialista fica espreitando a gente servir-se da sobremesa e ouvir elogios. No entanto, como não gosto de tudo perfeitíssimo, prefiro um sagu com um pouco de grude entre as bolinhas.

Esse sim, para mim é o sagu mais-que-perfeito, como a vida!

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