quarta-feira, 18 de novembro de 2015

MEDÉIA E O ZÉ TOPA TUDO

Isso foi em 1973 ou 1974. Faz tempo...

Estudávamos – alguém duvida? - no Colégio CNC Rio Branco, era assim que se chamava, em Padre Gonzáles à noite. Aos sábados tínhamos educação física de dia é claro.

            Os pontos altos eram as aulas de português e artes com a professora Pinto. Português nem tanto, mas em artes éramos os craques! Olha que prá fazer arte tínhamos uma turminha boa. O Monteiro, o João Cadela, o Kiko, - desculpe colegas - mais umas gurias e outros guris mais. Eu, claro, não participava muito. Só ficava ouvindo e aprendendo, digo, - nas aulas da Pinto.

            Vai que numa dessas, o Serelepe está em Três Passos. Não havia dinheiro nem tempo para ir ao Serelepe. O quê decidimos: - vamos encenar uma peça de teatro. Uma peça não, duas. Seria um show completo e de sucesso.

            Passamos a nos reunir após as aulas de artes, de educação física e sempre que sobrava um tempinho.  Era uma meia dúzia de pessoas, um pouco mais. Contatamos o ecônomo do clube (que palavra, achei que nunca iria escrever), vimos o palco, o salão, as cadeiras, onde se apagavam às luzes.

 Planejamos tudo, quando seria, quanto cobraríamos de entrada, quem seria o encarregado. A venda de lanches e bebidas seria a contrapartida ao ecônomo do clube seu Hansen, lembrei-me do nome – lembrá-lo-ei, professora. Tô veio, mas bom da cabeça!

Bom quanto à peça, ou melhor: às peças, uma guria lá da Bela Vista trouxe um drama, muito bem escrito por sinal. Era uma tragédia muito forte, com crimes, traições, incêndios e violências. Eu, por minha vez, escrevi uma comédia. E que comédia! Vejam como eu era engraçado, ou melhor, continuo engraçadinho.

Zé Topa Tudo, esse era o nome da comédia, deveria ser influência do Serelepe. Era um sucesso, no meu ponto de vista, e muito, mas muito engraçada mesmo! Imaginem. Todas aquelas piadinhas que eu ouvia na rua, na igreja, na zona ... rural, no futebol, anotava na cachola e dava um jeito de inserir no roteiro.

O tempo foi passando, chegamos até fazer uma ou duas reuniões para tratar do espetáculo, propriamente dito, uma leitura de mesa talvez, visto que a logística toda, a organização estava perfeita.

Só não ensaiamos. Não sobrou tempo. E o show não saiu do papel. Ufa! Olhem só o
que o povo de Três Passos e da região perdeu. Quiçá o Brasil. A Rede Globo.

            Os artistas e autores estão por aí. Perdidos pelo mundo, fazendo arte, imagino. Aliás, já ia esquecendo – tô veio, o nome do drama era Medeia. Anos depois descobri que era uma tragédia grega consagrada.
           
PS. Se algum artista ou simpatizante, ler essa crônica, por favor, faça contato pelo email abaixo. Quem sabe a gente ...

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