segunda-feira, 14 de maio de 2018

Eu e minha Mãe


Sou o mais velho entre seis irmãos. Dois homens e depois quatro meninas. Acho, ou reconheço, que sempre fui o preferido da mamãe. Primeiro filho, primeiras experiências. Nasci com parteira em casa, no tempo em que não havia fraldas descartáveis. Só se usava cueiros e faixas laváveis. Pomadas? Claro que não, nata fresca e maisena para proteger assaduras, decerto.

Tento imaginar o trabalho que minha mãe teve comigo. Isso tudo há sessenta anos. Morando na casa da sogra deve ter passado por poucas e boas!

Lembro quando nasceram minhas irmãs. A primeira eu tinha cinco anos de idade e meu irmão três. Depois nasceram outras três meninas. A mais nova quando eu tinha quinze anos.  Sempre trabalhando na roça, ajudando, ou melhor, ombreando com meu pai, minha mãe ainda fazia todo trabalho de casa. Escutava novelas no rádio na hora de fazer almoço. As vezes queimava o arroz. Mas a comidinha era gostosa demais. Fazia pão de milho no forno a lenha. Tirava o leite das vacas, varria o pátio, areava panelas.

Dias de chuva, enquanto os homens jogavam canastra no bolicho, mamãe costurava roupas, preparava  palha de milho para encher os colchões. Penas de marreco para travesseiros e cobertas. Limpava a casa, passava roupas, quanta coisa...

Cuidava os filhos é claro. Quando fui à escola era ela quem repassava os temas comigo à noite usando lampião de querosene. Aliás, quem levantava primeiro pela manhã era minha mãe. Fazia fogo e punha a chaleira com água para, mais tarde, meu pai preparar o chimarrão.

Agora minha mãe está com oitenta e dois anos de idade. Boa de memória. – “Eu não sou caduca”, ela diz. Se atrapalha as vezes. Não lembra de todos os fatos recentes. Repete histórias. Está com problema no joelho e tem dificuldades no caminhar. Mas o importante é que está viva e presente.

Obrigado Mãe por tudo que fizeste e ainda faz por nós!

Não conseguiremos lhe devolver 1%. Não estás caduca não, você é uma Santa!
Nós te amamos e queremos tua companhia por muito tempo ainda.

Obrigado! Saúde a Paz!

Que Deus abençoe todas as nossas Mães. Que Deus abençoes as nossas mães.

P.S. Desculpem ter relatado a minha história particular. Acho que serve para muitos.

Jorge Luiz Bledow ,
 Porto Alegre, 13 de maio de 2018.

Um comentário:

  1. Jorge, tenha certeza - a história de um pode ser a história de muitos, sim. E tantas foram as mulheres fortes como a tua mãe! Muito bom! Abraços

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