quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

SENHOR DA BANANINHA

Estou há alguns poucos dias aqui na praia de Capão da Canoa. Já descobri, é claro, uma mercearia que vende pão quentinho. E tem um cacetinho integral que é uma maravilha. Muito bom, casca crocante com sementes de gergelim, miolo macio. Todos os dias lá ia eu comprar o pãozinho para o café da manhã. Agora estou dando um tempo devido a situação criada. Sinto fome do tal pãozinho integral. Talvez tenha que descobrir em outra padaria nas imediações.

Pois bem. Dia desses fui cedo a mercearia. Além dos cacetinhos quentinhos, precisava de leite, mamão e bananas. Na prateleira das frutas não havia mais bananas. Um senhor a meu lado, bem expansivo, me disse: - Eu também queria. Mas acabaram-se as bananas agorinha mesmo.

Lá da fila do caixa uma senhora simpática respondeu: - Peguei às últimas quatro - levantando a mão mostrando a pequena penca.

Vasculhei a prateleira e descobri uma última banana, ou melhor, uma bananinha meio escondida entre restos. Apanhei-a e mostrei meu troféu para o senhor a meu lado, que, depois entendi, deu um sorriso maroto.

Pesei o mamão e mostrei a bananinha à atendente, que solicita comentou: - Pode levar, nem precisa pesar - vendo aquela frutinha nanica. E o senhor ao meu lado, agora atrás de mim na fila do pão, apenas observando tudo em silêncio um tantinho suspeito. 
           
Apanhei o leite e me dirigi à fila do caixa, que a estas alturas havia crescido um bom tanto, e eu estou ali esperando, apenas observando os da minha frente, com a caixa de leite debaixo do braço, o pão, o mamão e a bananinha numa mão, e, a outra no bolso apalpando moedas antevendo e tentando facilitar o troco na hora de pagar.
           
Foi quando ouvi alguém gritando repetidamente lá detrás das prateleiras, primeiro me procurando e ao me encontrar apontando para mim: - Oh senhor da bananinha! Senhor da bananinha. Veja quem está chegando – indicando para rua mostrava o furgão das frutas e verduras que vinha abastecer o mercadinho àquela hora, trazendo claro, entre outras, as bananas que faltavam no estabelecimento.
           
Assim que repuseram as frutas, voltei às prateleiras, escolhi uma penca de bananas, pesei-as, voltei à fila do caixa, esperei minha vez e paguei. A bananinha, esqueci no bolso e trouxe-a para casa de brinde.
           
Tudo andava bem e normal, apesar da chuvica (palavra da moda), aqui em Capão da Canoa, até que ontem pela manhã, novamente na mercearia, estando eu na fila do caixa, alguém entrou no estabelecimento e eu só ouvi de longe alguém me cumprimentar em alto e bom som: - Oh senhor da bananinha!
           
Pois bem, estou tomando café sem os tais cacetinhos integrais. Tenho que dar um tempo nessa mercearia.

Capão da Canoa, 23 de fevereiro de 2017.
Jorge Luiz Bledow


2 comentários:

  1. Feliz de quem é reconhecido, principalmente com um codinome respeitoso!

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  2. As coisas, muitas vezes simples, marcam e deixam lembranças inesquecíveis.

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